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O Banco Central da Argentina (BCRA) voltou a intervir fortemente no mercado cambial, vendendo quase US$ 400 milhões de suas reservas internacionais ao longo de quatro sessões consecutivas. A ação ocorre poucos dias após o anúncio de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), elevando a preocupação de investidores quanto à fragilidade das reservas e à estratégia econômica adotada pelo governo argentino.

Segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (4), o BCRA vendeu cerca de US$ 98 milhões na quarta-feira, elevando o total de vendas desde segunda-feira para US$ 392 milhões. Estas operações têm como objetivo conter a aceleração do câmbio paralelo e a pressão no mercado de divisas, onde o dólar tem se valorizado frente ao peso argentino.

A recente escalada cambial ocorre no contexto de um novo acordo técnico com o FMI, negociado pelo governo do presidente Javier Milei. O acordo representa a oitava revisão do programa de ajuda financeira iniciado em 2018 e prevê a liberação de cerca de US$ 800 milhões em recursos. No entanto, ao contrário das expectativas iniciais, os mercados reagiram com cautela, impactados principalmente pela deterioração real das reservas internacionais do país, que seguem em queda.

Apesar de o BCRA ter registrado um saldo positivo de compras no primeiro semestre o maior em quase duas décadas, junho apresentou uma reversão dessa tendência. O banco central terminou o mês com saldo negativo de cerca de US$ 84 milhões, sinalizando uma maior resistência do mercado, mesmo diante de um importante superávit comercial gerado pelo setor agrícola no período.

Analistas apontam que a combinação entre o atraso na renovação do acordo com o FMI, as expectativas por um salto cambial e os elevados vencimentos de dívida em moeda local estão elevando a pressão sobre os ativos argentinos. Além disso, a diferença crescente entre os diversos tipos de câmbio como o oficial, o paralelo conhecido como «blue» e o contado com liquidação alimenta a desconfiança dos agentes econômicos e limita a eficácia da política monetária atual.

O plano de dolarização da economia, principal proposta do governo Milei, também continua sendo um ponto de debate. Apesar de o ministro da Economia, Luis Caputo, e o presidente do BCRA, Santiago Bausili, reforçarem o compromisso com a consolidação fiscal, economistas avaliam que o novo acordo com o FMI não trouxe alívio significativo ao ambiente macroeconômico do país até o momento.

Dessa forma, a Argentina segue enfrentando o desafio de estabilizar seu sistema financeiro e recuperar a confiança do mercado, em meio a um delicado processo de ajustes econômicos e negociações com o Fundo Monetário Internacional.

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