As vendas de café por produtores brasileiros avançaram de forma lenta recentemente, conforme apontou relatório divulgado pela consultoria Safras & Mercado. A principal razão para esse ritmo moderado está na baixa oferta do grão disponível, especialmente da safra 2023/24, devido ao volume reduzido de produção que o Brasil colheu no ciclo passado. Essa limitação na disponibilidade acaba impactando diretamente o volume comercializado, mantendo uma postura mais cautelosa por parte dos vendedores.
De acordo com o levantamento realizado até o dia 9 de fevereiro de 2024, os produtores brasileiros comercializaram cerca de 78% da safra 2023/24 de café. Esse percentual representa um avanço de apenas três pontos percentuais em comparação ao relatório publicado no mês anterior, o que indica um ritmo bem abaixo do esperado historicamente para o período. A média dos últimos cinco anos para o mesmo intervalo é de 80% da safra já vendida, evidenciando a lentidão atual nos negócios.
O total comercializado da atual safra é estimado em 44,36 milhões de sacas de 60 kg, em um contexto onde a produção total da temporada é projetada pela própria Safras em 56,93 milhões de sacas. O café arábica, variedade mais nobre e tradicionalmente exportada pelo Brasil, atingiu 75% de suas vendas, o que corresponde a cerca de 31,18 milhões de sacas, de um total estimado de 41,69 milhões de sacas produzidas. Já o conilon, variedade usada principalmente em cafés solúveis e consumo interno, teve 83% de sua safra comercializada até o início de fevereiro, somando 13,19 milhões de sacas de um total estimado de 15,9 milhões.
Segundo o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Barabach, a lentidão nas negociações reflete principalmente o menor volume disponível da safra atual. Ele destaca ainda que não há pressão de venda no momento por parte dos cafeicultores, o que dificulta avanços mais significativos na movimentação de mercado. A perspectiva de uma recuperação na produção para a safra 2024/25 coloca os produtores em uma posição mais confortável, permitindo aguardar melhores oportunidades de negociação e preços mais atrativos.
O ritmo contido nas vendas também está relacionado ao comportamento dos preços. Apesar de altas recentes, o mercado do café ainda não apresentou oscilações suficientes para reverter a estratégia dos produtores, que aguardam melhores condições para escoar sua produção. A expectativa para os próximos meses é que a comercialização ganhe tração conforme o mercado se ajusta à oferta limitada e às perspectivas da próxima safra.
O relatório confirma, portanto, um panorama de cautela e menor liquidez no mercado brasileiro de café, em meio a uma oferta reduzida e um cenário ainda incerto para os preços internacionais.