Intel vende 51% da Altera por US$ 4,6 bilhões para investir em reestruturação produtiva
Nesta segunda-feira, 14 de abril de 2025, a Intel Corporation anunciou a venda de 51% de sua unidade de chips programáveis, a Altera, para a empresa privada Bain Capital, em um acordo avaliado em US$ 4,6 bilhões. A transação faz parte da estratégia da fabricante americana de semicondutores de levantar recursos para financiar a sua revitalização industrial e enfrentar a crescente concorrência global, especialmente da Ásia.
A Altera, adquirida pela Intel em 2015 por US$ 16,7 bilhões, será transformada em uma nova empresa independente, cujo controle majoritário estará nas mãos da Bain Capital. A Intel manterá uma participação de 49% e continuará fornecendo suporte técnico e acesso a tecnologia de ponta, além de garantir o fornecimento de infraestrutura de fabricação avançada.
Pat Gelsinger, CEO da Intel, afirmou que a decisão está alinhada à estratégia de acelerar a independência financeira de suas divisões e dar maior foco às áreas-chave da empresa, como fabricação sob contrato (foundry), inteligência artificial e hardware para data centers. «Esta transação permitirá liberar capital para impulsionar nossa estratégia de crescimento e manter nosso foco nos segmentos onde a Intel pode liderar o mercado global», pontuou Gelsinger em comunicado oficial.
A estimativa da empresa é que a venda da participação gere um ganho contábil de aproximadamente US$ 2,5 bilhões durante o trimestre seguinte à conclusão do negócio. Analistas de mercado avaliam que a Intel busca, com esta medida, reduzir sua dependência de receitas provenientes de áreas que não estão diretamente atreladas ao avanço tecnológico ou à inovação industrial objetivo crucial em um momento em que a companhia tenta voltar à liderança no competitivo setor de chips.
A transação ocorre em meio a esforços mais amplos da Intel para retomar sua relevância no mercado de semicondutores, após anos enfrentando atrasos na tecnologia de fabricação e perdendo espaço para rivais como AMD, Nvidia e empresas asiáticas, particularmente a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company). Desde o início de 2023, a Intel vem implementando uma estratégia agressiva de reestruturação, incluindo cortes de custos, parcerias estratégicas e financiamento de novas fábricas nos Estados Unidos e Europa.
A expectativa é que o negócio com a Bain Capital seja concluído até o terceiro trimestre de 2025, sujeito à aprovação de órgãos reguladores. A reação inicial do mercado foi moderada, com ações da Intel registrando leve valorização nas negociações pré-mercado desta segunda-feira na Nasdaq.
Com esse movimento, a empresa reforça seu compromisso de diversificar fontes de financiamento e, ao mesmo tempo, manter presença estratégica em segmentos que podem ser rentáveis a médio e longo prazo, sem desviar o foco de seus objetivos tecnológicos centrais.