O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos apresentou queda de 0,1% em março na comparação com o mês anterior, conforme divulgado nesta quinta-feira (11) pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês). O dado, corrigido após ajustes, mostra desaceleração da inflação norte-americana no período, em contraste com a expectativa do mercado, que previa estabilidade mensal nos preços.
Na comparação anual, o índice caiu de 2,5% em fevereiro para 2,4% em março. A leitura confirma uma tendência de desaceleração na inflação acumulada em 12 meses, reforçando a percepção de que o Federal Reserve poderá estar mais perto de alcançar sua meta de estabilidade de preços.
Excluindo os preços mais voláteis de alimentos e energia métrica conhecida como núcleo da inflação (core CPI) o índice avançou 0,3% no mês e acumulou alta de 2,8% em 12 meses. Este resultado veio em linha com as expectativas dos analistas, indicando uma pressão um pouco mais persistente nos preços subjacentes da economia americana.
A queda no índice cheio foi puxada principalmente pela redução nos preços de energia, sobretudo da gasolina, que caiu mais de 3% no mês, contribuindo de forma significativa para a deflação do período. Setores como vestuário, automóveis usados e passagens aéreas também registraram leve recuo nos preços, aliviando o índice geral.
Por outro lado, os custos com moradia continuam impulsionando o núcleo da inflação, com uma alta mensal de 0,4% nesse componente. Aluguéis e serviços relacionados à habitação seguem pressionados, o que preocupa economistas e o próprio Federal Reserve, pois indicam pressões inflacionárias persistentes em algumas áreas da economia.
Apesar da queda no índice principal, o cenário geral ainda exige cautela. O núcleo de inflação continua acima da meta de 2% do Fed banco central dos EUA e autoridades monetárias seguem monitorando de perto os impactos dessa dinâmica nos planos de política monetária. O chairman Jerome Powell afirmou recentemente que a instituição pretende manter os juros elevados por mais tempo, justamente para garantir a convergência da inflação ao objetivo.
Com a divulgação do CPI, o mercado reagiu de forma moderada, com os índices futuros das bolsas norte-americanas operando em leve alta e os juros dos Treasuries recuando. Investidores interpretaram os dados como sinal de que a inflação está desacelerando de forma gradual, o que pode abrir espaço para eventuais cortes na taxa de juros ainda este ano, caso a tendência se consolide nos próximos meses.
A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) está agendada para o início de maio, e os números atuais certamente estarão no centro dos debates sobre os rumos da política monetária dos Estados Unidos.