A balança comercial da China apresentou desempenho surpreendente em março, com um superávit superior ao esperado por analistas, reforçando sinais de recuperação gradual na segunda maior economia do mundo. Segundo dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas nesta sexta-feira (12), o superávit comercial do país atingiu US$ 58,55 bilhões no mês, superando as projeções do mercado, que apontavam para um valor próximo de US$ 70 bilhões, mas compensado pela recuperação desigual entre exportações e importações.
As exportações chinesas, apesar de registrarem queda anual de 7,5% em março, encolheram em ritmo ligeiramente inferior às expectativas de analistas, que projetavam recuo de até 10%. Esse desempenho indica resiliência das vendas externas chinesas, mesmo diante de uma demanda global ainda moderada e de tensões comerciais persistentes em alguns mercados estratégicos, como os Estados Unidos e a União Europeia.
Por outro lado, as importações recuaram 1,9% na comparação anual, resultado que também superou as expectativas do mercado, que previam contração de aproximadamente 5%. O dado positivo pode ser interpretado como sinal de que a demanda doméstica na China está retomando fôlego após meses de desaceleração, em meio a políticas de estímulo fiscal e monetário impulsionadas pelo governo chinês.
O bom resultado da balança comercial em março reflete os esforços de Pequim para estabilizar o crescimento econômico, em meio a desafios como a desaceleração do setor imobiliário, o elevado desemprego juvenil e o enfraquecimento da confiança dos consumidores. Especialistas apontam que o desempenho do comércio exterior poderá fornecer suporte temporário à economia chinesa no início de 2025, enquanto medidas internas visam reaquecer o mercado doméstico.
Ainda assim, analistas alertam que o ambiente externo segue desafiador para as exportações chinesas. A persistência de juros elevados em economias desenvolvidas, volatilidade cambial e eventuais barreiras comerciais são fatores que podem impactar negativamente as vendas externas nos próximos meses.
No acumulado do primeiro trimestre de 2025, a balança comercial da China registrou superávit de US$ 125,1 bilhões, com exportações praticamente estáveis em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações avançaram levemente. O desempenho trimestral mantém a China como um importante motor do comércio global, mesmo em um cenário de incertezas econômicas internacionais.
O avanço nas estatísticas comerciais reacende expectativas sobre a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) chinês na próxima semana, quando o governo deve apresentar dados de crescimento do primeiro trimestre. Economistas aguardam sinais mais claros sobre a força da recuperação econômica, que impacta diretamente mercados emergentes e a dinâmica do comércio global.